Todos nós precisamos conciliar nossas tarefas pessoais com o dia a dia no trabalho. No entanto, para mulheres que são mães, a jornada de trabalho pode chegar a 2,5 vezes mais do que as 8h regulares previstas na CLT.
Essa foi a conclusão de uma pesquisa feita pela companhia Welch’s com 2 mil mães americanas com filhos entre 5 e 12 anos de idade. Os pesquisadores analisaram a agenda delas e constataram que o dia de trabalho delas começa às 6:23 da manhã e acaba às 8:31 da noite. Ou seja, elas começam a trabalhar muito mais cedo e acabam de trabalhar muito mais tarde do que uma pessoa com um emprego comum.
Como ter disposição, energia e foco para gerenciar a carreira e o bem-estar das crianças? O mundo evolui a passos largos, mas ainda peca quando se fala em igualdade de gênero no mercado de trabalho. Um dos aspectos em que essa desigualdade é mais acentuada é na conciliação da vida profissional e familiar para as mulheres.
A desigualdade que poucos veem
Segundo a Oxfam, organização internacional que atua para encontrar soluções para os problemas da pobreza, quase US$ 11 trilhões é o valor da contribuição anual das mães à economia do mundo caso seu principal trabalho – o cuidado – fosse remunerado.
Mas olhando para a vida real, sabemos que, no Brasil, 43% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, o que torna a dupla jornada de trabalho inevitável. Ou seja, o desafio de conciliar trabalho e maternidade é extremamente presente em nosso país. Isso deveria incentivar que o mercado de trabalho acolha estas mulheres, certo?
Certo. Mas, infelizmente, não é o que temos notado. 52% das mães afirmam ter sido confrontadas no emprego durante a gravidez ou ao voltar da licença-maternidade, de acordo com a pesquisa “Panorama Mulher 2019”, realizada pelo Insper.
O reflexo no currículo
Na área científica, o período dedicado aos filhos — e, portanto, menos dedicado à produção acadêmica — fica marcado no currículo das pesquisadoras mulheres. As cientistas, após terem filhos, possuem um gap no currículo, devido a falta de publicações de artigos e participações em outras atividades acadêmicas.
Este período chega, inclusive, a impedir que estas mulheres obtenham bolsas de pesquisas ou financiamentos para retomarem a trajetória acadêmica após a maternidade. Inconformados com esta situação, um grupo de pais e mães cientistas brasileiros criou o Parent In Science. Hoje a plataforma conta com quase 19 mil seguidores nas redes sociais, e busca chamar atenção para a falta de acolhimento às mães no ambiente acadêmico.
Empreendedorismo como solução
Como vimos, não apenas no ambiente acadêmico, mas no mercado tradicional, as mães sofrem com a falta de acolhimento. Diante deste retrato, muitas apostam no empreendedorismo como fonte de renda.
Cerca de 44% dos negócios liderados por mulheres se caracterizam como empreendedorismo por necessidade, segundo pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). As áreas mais procuradas por estas mulheres costumam ser alimentação, beleza e prestação de serviços.
É nadando contra a maré que muitas mães lutam para reafirmarem seus lugares no mercado de trabalho, seja com seus próprios negócios, ou reiterando seu valor no mercado tradicional.
O mês da mulher há pouco se encerrou, e não devemos deixar de refletir: nosso mercado de trabalho pode ser mais acolhedor para as mães? Como podemos fazer isso?
As respostas, sem dúvidas, precisam partir de todos e todas nós.
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