O não de Simone Biles e a importância de reconhecer nossos limites

Por Taísa Medeiros – área de comunicação

Quando uma das maiores atletas do momento tem a coragem e ousadia de exprimir sua humanidade e vulnerabilidade em um “não”, o mundo para. A ginasta multicampeã Simone Biles, dos Estados Unidos, desistiu de disputar parte das finais na Olimpíada de Tóquio. A decisão foi anunciada pela equipe de ginástica no domingo, dia 1º. A motivação foi a saúde mental da atleta. Simone relatou que não estava se sentindo bem com tamanha pressão.

Após a desistência, muitos comentaristas e especialistas analisaram as motivações – e cá estamos falando também! O motivo é que em uma cultura do profissionalismo incansável e das expectativas dos outros virem à frente dos nossos limites, por vezes esquecemos do poder imenso que esta palavra de três letras é capaz de trazer.

“Temos que proteger nossas mentes e corpos, não é apenas ir lá [competir] e fazer o que o mundo quer que façamos. Nós não somos apenas atletas, no fim do dia nós somos pessoas, e às vezes temos que dar um passo atrás”, afirmou a norte-americana. Simone, que começou a treinar com 6 anos, chegou a mencionar em uma entrevista recente que considera que o esporte é 50% mental e 50% preparo físico. Para a parte física, a atleta costumava treinar de 32 de 34 horas por semana para competir.

Profissionais também devem dizer não

Sabemos da importância do foco e da determinação quando buscamos atingir algum objetivo, seja no esporte ou na vida profissional. Para Simone, treinar e se aperfeiçoar ajudou a garantir sua chegada ao topo da ginástica artística.

Para Palomma Farenzena, consultora da Place e psicóloga, dizer não é extremamente importante, pois é assim que conseguimos dar limite ao outro. “Infelizmente em muitos momentos só conseguimos dar este limite quando nos sentimos irritados, incomodados ou exaustos! Porém devemos compreender a importância de dizer não sempre que determinada situação não condiz com que eu quero ou consigo fazer”, explica.

Somos humanos, com imperfeições, aptidões e necessidades. O descanso, o autocuidado e o lazer são algumas delas. Palomma destaca que dizer não é protetivo. “Dizer não é cuidar de nós mesmos, e isso deveria ser prioridade… Isso é saúde física e mental. Somos seres humanos e temos limitações, devemos respeitar os nossos limites e cuidar de nós! Quando compreendemos isso tudo fica mais fácil”.

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